sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Empresas recrutam jovens da comunidade para trabalhar no Japão e no Brasil

Representantes de duas fábricas buscam brasileiros que possam contribuir com os projetos de expansão das indústrias
Voltar ao Brasil com um emprego garantido ou permanecer no Japão com um serviço seguro e estável é o sonho da maioria dos jovens brasileiros que estão se formando no ensino médio. Na tarde de ontem (25), na cidade de Anjo, Aichi, duas empresas japonesas dispostas a investir na contratação de estudantes nikkeis recém-formados apresentaram suas propostas para a platéia composta por mais de 90 alunos do 3º ano e egressos da rede de ensino Escola Alegria de Saber (EAS) das unidades de Hekinan, Hamamatsu, Suzuka, Toyota e Toyohashi.
Ryohei Kise, gerente da Mayekawa M.F.G., empresa da área de refrigeração industrial fundada em 1924, em Tokyo, com representações em mais de 30 países, ofereceu vagas de treinamento para o próximo ano fiscal com início em abril. Os aprovados na avaliação curricular e na entrevista passarão por treinamento na matriz localizada em Moriya, Ibaraki, e serão encaminhados para a filial brasileira de Arujá, São Paulo.
“O Brasil está crescendo economicamente e a Mayekawa para crescer mais neste país precisa de brasileiros que entendam o modo japonês de pensar conhecendo o mercado, a língua e a cultura brasileira”, afirma Kise que morou por 10 anos no país. Ele garantiu que os futuros contratados serão trabalhadores efetivos com a possibilidade de promoção de cargo e citou como exemplo um funcionário de uma das 13 filiais brasileiras que entrou na firma como técnico de segurança no trabalho e se tornou gerente.
Os requisitos para se candidatar a uma das 100 vagas oferecidas é ter boa capacidade de compreensão e comunicação da língua japonesa e disponibilidade para se mudar para o alojamento de Moriya. O treinamento tem duração de dois a três anos.
Outra companhia que proporciona a contratação direta e benefícios iguais aos dos japoneses é a Hirano Vinyl Industry, especializada no estofamento de bancos de automóveis. Para os alunos e participantes da palestra, o presidente Toshinao Hirano, contou que antes de herdar a indústria do pai havia tentado a profissão de jogador de futebol, mas desistiu da idéia depois de seguidas lesões.
Em sua breve carreira teve passagens pelo São Bento de Sorocaba-SP e um estágio no São Paulo Futebol Clube em 1995.
Conforme Hirano, sua empresa conta com funcionários filipinos, peruanos, indonésios, além de brasileiros e japoneses e oferece gratuitamente aulas de japonês e inglês. O perfil de candidato(a) que procura é o de jovens que tenham o nível 3 do exame nihongo nouryoku shiken ou conhecimento equivalente. “Somos uma firma pequena, mas temos planos de ampliação para o exterior e gostaria de contar com jovens empreendedores que pensam coletivamente no crescimento de todos: empresa, cliente e funcionários”, destaca.
Informou também que para se candidatar não há exigências como experiências anteriores e cursos profissionalizantes. “Vocês vão ganhar para aprender de tudo desde a produção, o controle de qualidade, funções administrativas e até línguas estrangeiras”, garante. Em referência ao futebol ressaltou que na sua equipe “não há espaço para funcionários com estilo de Romário e Edmundo que fazem gols, mas faltam aos treinos e são indisciplinados”, aponta o ex-lateral direito que do curto período que permaneceu no tricolor paulista cultiva a amizade com o volante e zagueiro Edmilson.
Kise e Hirano terminaram seus discursos desejando que os estudantes possam trabalhar para construção de laços entre as nações por conhecerem as culturas, os idiomas e as formas de pensamento dos dois países. O diretor da rede EAS Tom Kurahashi conta que o convite de apresentação de trabalho para os formandos surgiu das próprias empresas e acredita que a atividade, considerada comum nas escolas japonesas, foi a primeira a ser realizada em escolas brasileiras.
“Como educadores gostaríamos que eles (alunos) fossem para a universidade, mas sabemos que isso não é possível para todos. Por outro lado eles poderão ser contratados diretamente (seishain) com possibilidade de ascensão na fábrica como os japoneses”, comenta. Brenda Nakamura, 16, do 2º ano do ensino médio saiu satisfeita do evento. “Foi muito bom porque abriu as portas e deu mais opções de escolha para quem está indeciso”, opina.

Egressos
Entre os participantes, alunos formados das turmas de 2006, 2007 e 2008 foram em busca de informações sobre as vagas oferecidas de olho nas chances de empregabilidade. “Se houver possibilidade, quem sabe não é o momento adequado de ir para o Brasil? Mas antes precisamos consultar nossos pais e decidirmos juntos”, pondera Lincoln Okoti, 19. Bruno Kojima, 21, já está com data marcada para retornar e aproveitou o evento para fazer contato com representantes da Mayekawa. “Ao chegar lá vou procurar o departamento de recursos humanos da filial mais próxima de minha cidade”, diz entusiasmado.
Os amigos Luan Suehara e André Sakakibara trabalham e fazem arubaitos, mas gostariam de ter um emprego melhor onde consigam utilizar na prática o que aprenderam nos bancos escolares. “Além disso, não queremos trabalho temporário, queremos algo fixo”, diz Sakibara. Em busca do mesmo objetivo Diego Kian desistiu do serviço para se dedicar somente aos estudos da língua japonesa. “Parei para só estudar por enquanto e tentar algo melhor. Ficar só na fábrica não adianta”, observa.
Fonte: IPC Digital

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