Queda de produção de aparelhos celulares é o motivo alegado para as demissões
Das quatro empreiteiras que colocam funcionários na Asty Corporation, três confirmaram na sexta-feira (14) o corte do pessoal até o final de janeiro. Entre brasileiros, peruanos, filipinos e japoneses, pelo menos 140 trabalhadores perderão o emprego.
Localizada em Iwata (Shizuoka) a Asty fornece placas de circuitos de aparelhos celulares para a Panasonic. Segundo as empreiteiras, a fabricante comunicou o corte do pessoal em dezembro.
A empreiteira Staff Support tem 20 funcionários na Asty, a maioria brasileiros. No final de dezembro, os tantoshas (encarregados) foram na casa deles para explicar a situação e os direitos ao seguro desemprego e férias remuneradas. “Estamos remanejando o pessoal para outras fábricas, pois temos serviços em região próxima, em Miyakoda, Ogasa e temos também em Nagano que paga ¥ 1.100/hora com três horas extras”, informa o tantosha Edson. “Mas alguns deles estão preferindo receber o seguro desemprego, porque não querem mudar de cidade”.
Segundo Edson, a Asty sempre trabalhou com altas e baixas de produção, porque aparelho celular sempre renova o modelo. Porém, desta vez, além da atual crise financeira, há também a questão tecnológica. “Hoje no mercado nacional, quantas pessoas utilizam aparelho celular da Panasonic?”, questiona. “A maioria quer um smartphone, um Android, um iPhone, então a venda caiu muito”.
Segundo o tantosha, houve uma época de bons salários na Asty com muitas horas extras. “Tivemos funcionárias que recebiam ¥ 280 a ¥ 300 mil por mês. Hoje o valor médio está entre ¥ 900 a ¥ 950 por hora. Mas também tivemos uma funcionária que trabalhava sem horas extras e no espaço de um ano economizou ¥ 1 milhão. Então a pessoa que tem um objetivo, consegue fazer suas economias não importa em quais condições”, avalia. “O Japão de hoje não é o de 14 anos atrás. Os planos que levavam cinco anos para concretizar, hoje levam 10 anos”.
Outras empreiteiras
A empreiteira Kakushin Kougyou confirmou o corte de 60 funcionários. Segundo o tantosha Marcelo, os funcionários foram chamados, cinco a cinco, ao escritório para receber a explicação sobre o corte. “O pessoal que concordar em mudar, temos encontrado nova colocação em outras cidades. Conseguimos recolocar 28 até o momento e esperamos repor mais 15. Para aqueles que não conseguirem recolocação, vamos encaminhá-los para o Seguro Desemprego. Algumas famílias não querem mudar de cidade porque tem criança que já acostumou na escola do bairro onde vivem, outros adquiriram casas. Enfim, eles entenderam que o serviço acabou mesmo, houve queda de produção”.
Segundo Marcelo, na recolocação, a média de perda salarial será de ¥ 50. “Para o pessoal mais antigo, mantivemos o valor de ¥ 1.100 a ¥ 1.200/hora, mas para os mais recentes baixou para ¥ 900 a ¥ 950/hora. Também temos serviços que pagam ¥ 1.000/hora, mas precisa de conhecimentos do idioma japonês”.
A empreiteira Iwarex confirmou a corte de 60 funcionários, os quais foram comunicados em dezembro. Segundo a tantosha Fátima, na Asty sempre teve altas e baixas de produção. “Quem conhece a Asty, sabe que sempre foi assim, não foi supresa nenhuma. Mas sempre existe uma esperança. Quem sabe entra novos pedidos de produção e eles peçam para os funcionários ficarem, pois a previsão era a queda de produção em fevereiro e aumento em março”, espera.
A empreiteira Seiwa Sangyou preferiu não prestar nenhuma declaração sobre o corte de pessoal. Segundo o tantosha Jeferson, “já trabalhamos com a Asty há oito anos e acredito que entre as quatro empreiteiras que fornecem pessoal, talvez a nossa seja a que sofreu menos cortes, então por continuarmos vinculados à Asty, é preferível não comentar nada a respeito”.
O ipcdigital foi até a Asty no horário da saída dos funcionários, mas apressados para pegar a condução do mukae, preferiram não comentar nada. Apenas uma funcionária brasileira confirmou que vai trabalhar até o dia 29.
Fonte: IPC Digital
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